Quando falamos em pessoas, não há como deixar de fazer referência à subjetividade das mesmas e conseqüentemente a uma dinâmica relacional própria, particular, única. O objetivo deste artigo não é atribuir rótulos, patologizando pessoas, tampouco suas relações, mas falar de um funcionamento característico de relacionamento com pessoas que sofrem de Transtorno Borderline.
Em vista disto, em seus relacionamentos, a pessoa com personalidade borderline tem uma maneira de funcionamento contraditória e complexa, conseqüentemente levando estas características para seus relacionamentos interpessoais afetivo-conjugais, onde sua dinâmica de funcionamento é do tipo simbiótica, ambivalente e incoerente. Em outras palavras, é um relacionamento altamente dependente, onde o outro passa a ser o referencial, onde a própria existência não é possível sem o outro, que aquela pessoa é “tudo o que ela queria”, “tudo o que esperava e desejava durante toda a sua vida”. É um relacionamento intenso em todos os sentidos, mas sempre raso e de pouca durabilidade. A dependência chega a tal ponto que a pessoa se anula para satisfazer o desejo do outro no intuito de não perdê-lo. Como foi relatado anteriormente, o parceiro é tudo na sua vida, o melhor homem ou a melhor mulher do mundo, um ser perfeito e idealizado que por qualquer motivo fútil e de modo repentino, passa a ser um impostor, o seu pior inimigo, uma pessoa péssima, sem caráter e enganadora. De uma hora para outra o panorama relacional pode mudar, como da água para o vinho.
Como a pessoa com Transtorno Borderline apresenta um pensamento acentuadamente dicotômico caracterizado por “tudo-nada”, “amor-ódio”, “claro-escuro”, não existindo os tons intermediários de sentimentos em sua forma de relacionar-se, este mesmo parceiro passa a ser percebido de forma ambivalente. Por outras palavras, aquele que era o amor da sua vida por muito pouco ou até mesmo por um fato imaginário ou fantasia regida pelo medo, passa a ser um tremendo mal caráter, a pior pessoa do mundo, o qual é necessário afastar-se ou mesmo romper a relação. E normalmente é rompida, causando muito sofrimento, visto que a finalização não era exatamente aquilo que a pessoa queria, sendo compelida a fazê-lo por conta da “desilusão amorosa”.
O relacionamento afetivo-conjugal de uma pessoa com TB é caracterizado pelo medo do abandono, da traição, das frustrações e por este motivo esta pessoa constantemente se protege em não aprofundar suas relações embora a mesma não tenha “consciência” disto, sendo um relacionamento muito conflituoso, uma verdadeira gangorra emocional, uma oscilação constante em águas turbulentas. Pessoas com funcionamento de personalidade borderline são contraditórias e incoerentes e por conseqüência, suas relações são caóticas e ambivalentes. Se por um lado, temem o abandono do parceiro, contraditoriamente se autossabotam de modo a arruinar de todas as maneiras possíveis a relação que desejam preservar a todo custo.
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Este artigo tem função informativa e psicoeducativa, não substituindo o diagnóstico profissional. Caso se identifique com os sintomas elucidados, procure ajuda médica e psicoterapêutica.
Autora
Soraya Rodrigues de Aragão
Psicóloga, Psicotraumatologista, Expert em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde. Autora em 4 livros publicados. Escritora em vários portais, jornais e revistas no Brasil e exterior.
Concordo com essa analise pois lido com pessoa assim e, com dificuldades está progredindo aos poucos e se tornando menos instável.