Romper vínculos amorosos geralmente é doloroso, mas permanecer em padrões negativos de um relacionamento toxico é afundar num poço escuro e sem saída. Sendo assim, é urgente que padrões disfuncionais sejam desconstruídos em nome da sua sobrevivência emocional e saúde mental. A partir do momento em que você decide quebrar um padrão destrutivo, você passa para um outro estágio de consciência em que não será mais preciso passar por outras “provas de fogo” para aprender a se amar, se respeitar e se valorizar.
Contudo, pode ocorrer de querermos investir em um relacionamento a qualquer custo, mesmo que este não ofereça nenhuma perspectiva, ou que nos machuque, nos fira e na pior das hipóteses, destrua a nossa autoestima. Há quem se envolva em relacionamentos não correspondidos a contento e isto vale para qualquer tipo de relacionamento: amoroso, lavorativo, de amizade e familiares.
Sendo assim, não se deixe aprisionar em relacionamentos com padrões destrutivos, que colocam em risco a sua alegria de viver. Aprenda a cuidar de si, a ter autorresponsabilidade, a se oferecer a base segura que não te ofereceram e fazer sua vida funcionar com ou sem pessoas que não acrescentam. Infelizmente algumas vezes é preciso passar por alguns desertos até compreendermos a importância do desapego de relacionamentos abusivos. Não conte histórias a si mesmo(a) por intuição, tampouco acalente enganos que mais à frente terão um alto valor a ser pago.
E se porventura você não se “sentir em casa” em uma dinâmica em que você se sente descontextualizado(a) ou inadequado(a), onde não há cumplicidade ou parceria e que você é a única pessoa que investe em sustentar os pilares da relação, saia e feche a porta à chave.
Se você é o pára-raios da falta de regulação emocional dos outros, se tudo que você disser parecer inapropriado ou fora do contexto, se você der tudo de si e não receber à altura, se tiver em dinâmicas dispares e que te diminuam, então é hora de rever tudo isso o quanto antes. Sugiro que saia de situações em que você não cabe no contexto.
Por que você precisaria abrir mão do seu autoamor? Qualquer movimento, inclusive o do autorrespeito e amor-próprio sempre precisarão partir de você para se refletir no mundo aonde quer que esteja e com quem se relacione. A regra da vida é simples: tudo começa em nós e se expande para os outros. Ou seja: o que não é nutrido em nós, não poderá ser nutrido em lugar algum.
Foto de Andrea Piacquadio no Pexels.
Portanto, melhor se desapegar, abrir mão, deixar ir o que te diminui, quem não te oferece o devido valor, quem te coloca em um lugar qualquer, em um segundo plano ou até mesmo em plano nenhum. Se não te faz bem, se compromete sua saúde emocional, saia e feche a porta à chave.
Em nome do seu bem-estar, se conscientize, abra mão de expectativas ilusórias, das explicações injustas que você conta para si e se convence que são justificativas plausíveis para a permanência em um relacionamento sem perspectivas.
Sinceridade para consigo mesma é a palavra-chave. E para relacionamentos amorosos não valem aquelas desculpas do tipo “ele(a) é apaixonado mas não tem coragem de se declarar, tem empecilhos”, “ele(a) me ama mas não demonstra porque não é o tempo dele(a)”. Ou mesmo desculpas contraditórias por parte da outra pessoa: “Estava muito ocupado(a) para lhe dar atenção” ou simplesmente “estava distraido(a)”, “sei que podia fazer melhor por nós, mas acredite, você é importante para mim”. Para indisponibilidades, saia e feche a porta à chave.
Observe e questione as atitudes desta pessoa e se estas se coadunam com o que a pessoa diz. Caso somente fiquem no mundo das ilusões e sem praticidade, este é um grande sinal de que você está indo na contramão de um relacionamento em que não há reciprocidade. Por outras palavras, o que não sai do “mundo das ideias” não funciona para a resolução dos desafios práticos de qualquer relação para que esta se estabilize.
Concluo este texto com alguns questionamentos. Para seu autoconhecimento, preencha as perguntas abaixo. Adapte para qualquer relacionamento: amoroso, familiar, lavorativo ou de amizade.
1- O que você está aceitando na sua vida relacional que o deixa desconfortável?
2- Você é consciente da conseqüência de suas escolhas sobretudo para sua saúde mental quando são colocados em xeque sua integridade e o seu sentido de valor como pessoa?
3- Qual o lugar que você permite estar na vida do outro nesta relação? Por que permanece neste lugar, embora insatisfeito(a)?
Autora
Soraya Rodrigues de Aragão
Psicóloga, Psicotraumatologista, Expert em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde. Autora em 4 livros publicados. Escritora em vários portais, jornais e revistas no Brasil e exterior.
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