O Transtorno de Somatização é caracterizado por manifestações orgânicas de conteúdos psíquicos disfuncionais, sendo seus sintomas oriundos do psiquismo em desequilíbrio e manifestando-se no corpo através da queda do sistema imunológico, desconfortos e dores, como enxaquecas, dores no pescoço e nas costas, insônia, dores esquelético-musculares, tais como problemas articulares, problemas cardiorrespiratórios, dermatológicos (aqui principalmente as dermatoses) e do sistema digestório (azia, refluxo, encoprese, diarréia).

Neste contexto, a pessoa “peregrina” por muito tempo entre prontos-socorros, serviços médicos e ambulatoriais, sem encontrar nenhuma causa física, visto que todos os exames são negativados e portanto, não explicando as queixas do paciente.

Infelizmente e na maioria das vezes o profissional de saúde mental é o último a ser procurado por quem sofre de Transtorno de Somatização. Este transtorno causa muita angústia e sofrimento, interferindo negativamente na performance pessoal, social, relacional, acadêmica e lavorativa, visto que a pessoa investe muito tempo tentando encontrar a(s) causa(s) da sua doença, que é de cunho emocional, além das constantes licenças médicas.

Como identificar?

Quando os desconfortos e dores físicas não têm uma explicação com nenhuma condição médica geral ou fator físico, o procedimento inicial é a realização de exames clínicos e laboratoriais para refutar possíveis doenças físicas. Sendo os exames negativados depois de uma acurada procura por fatores orgânicos, é realizado o diagnóstico de Transtorno de Somatização, sendo, portando este feito por exclusão de doenças físicas e sendo necessária intervenção psicológica e psiquiátrica.

Diferença entre somatização e Transtorno de Somatização

Em algum nível todos podemos somatizar, visto que corpo e mente não estão dissociados. Esta dicotomia somente ocorre didaticamente como metodologia de estudo. Somatizamos em algum grau, estando diretamente relacionado aos fatores estressôgenos e dos recursos internos de resiliência.

No entanto, existe uma diferença crucial de somatizações em situações pontuais, críticas, onde a “carga de estresse” aumenta em determinadas situações específicas, como a entrevista do tão sonhado emprego ou diante de um exame acadêmico importante, dentre outros exemplos. Nestes casos, o nível de cortisol aumenta, podendo causar o famoso “branco” (principalmente antes dos exames escolares), parestesias, sensação de “nó na garganta” e/ou diarréia. Posteriormente, quando a experiência-gatilho do estresse passa, o cortisol tende a baixar com o desaparecimento espontâneo dos sintomas retornando ao estado basal.

Foto de Karolina Grabowska no Pexels. 

Já no Transtorno de Somatização, que é um distúrbio, não se trata de uma situação pontual, mas sim cronificado, sendo um fator de desenvolvimento de comorbidades, dentre as mais comuns os transtornos depressivos e ansiosos. Por outras palavras, no Transtorno de Somatização, ocorre uma ruptura nos fatores de resiliência. Como relato no meu livro Fechamento de ciclo e renascimento, na parte de autoconhecimento: “Quando não nos expressamos através da linguagem verbal, o corpo se encarrega de apresentar o seu próprio discurso. Sendo assim, a qualidade de nossos pensamentos e sentimentos irão repercutir na qualidade de nossas emoções e consequentemente em nossa qualidade de vida”.

Pessoas propensas a desenvolverem Transtorno de Somatização, são aquelas em que ocorreram perdas significativas e não superadas, conflitos internos não compreendidos, violência, traumas e lutos mal elaborados. Toda esta carga emocional não ressignificada, desemboca no físico e se apresenta na forma de sintomas.

Tratamento

O tratamento consiste na associação de medicação e psicoterapia. No tratamento medicamentoso, podem ser incluídos analgésicos, antidepressivos, ansiolíticos e antiinflamatórios.
A psicoterapia é importantíssima, visto que através de técnicas psicoterápicas específicas, o paciente poderá ressignificar seus lutos, perdas e traumas. Quanto à possibilidade de cura, é necessário avaliar a cronicidade e se existem transtornos mentais associados, bem como estressores ambientais vigentes e a existência ou não de uma rede de apoio social.

Autora
Soraya Rodrigues de Aragão
Psicóloga, Psicotraumatologista, Expert em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde. Autora em 4 livros publicados. Escritora em vários portais, jornais e revistas no Brasil e exterior.

Nosso Instagram

Marcar uma Consulta

error: O conteúdo está protegido!!!
× Agendamento online