O quanto você tem questionado seus pensamentos, crenças e padrões de comportamentos? O quanto você tem se auto-observado e se autoconhece? Toda mudança somente inicia a partir de um processo de conscientização, de clarificação de como estamos vivendo, das nossas escolhas, dos nossos posicionamentos e do que fazemos do que fizeram de nós.

Precisamos nos conscientizar de que não podemos ser meros espectadores e tampouco reprodutores de comportamentos aprendidos, caso estes não sejam saudáveis. Portanto, é preciso questionar crenças e padrões, bem como verificar a “validade” do que você acredita sobre você, bem como do que disseram de você. A vida está em constante transformação e tudo se atualiza, porque não acompanhar o fluxo da vida e questionar tudo à sua volta? As estratégias compensatórias utilizadas na infância poderiam ser funcionais naquela época, mas provavelmente hoje sejam disfuncionais e precisem ser atualizadas, melhor dizendo ressignificadas.

Muitas vezes queremos nos sentir seguros, ter certezas, algo para nos apoiar e muitas destas crenças “já passaram há muito tempo do prazo de validade”. E o mais importante: muitas das crenças sobre si que você carrega como verdades inelutáveis foram criadas por você a partir do que disseram de você, ou seja, você aceitou, “comprou a ideia” e se comporta de acordo com estas crenças. Sugiro que as questione. Quantas crenças antigas você tem alimentado e dentre as mais perigosas podemos elencar: de que não é capaz, de que não é amado, de que é inferior, de que não tem valor, de que é defeituoso, de que não adianta tentar, de que nada vai mudar, de que não vai conseguir ou não vai dar certo por mais que se tente.

Foto de Alex Green no Pexels

Muitas destas crenças disfuncionais foram formadas na infancia, pois a criança nao tem o crivo da racionalidade para questionar como um adulto o que disseram dela, do que fizeram com ela, como a trataram. E muitos adultos reproduzem o mesmo comportamento da sua criança interior, comprovando, através de fatos a veracidade destas crenças. Mesmo alguns adultos ainda nao aprenderam a questionar tudo o que lhes disseram e fizeram, tudo o que lhes dizem e fazem.


Existe uma história popular que aborda especificamente tudo que escrevi acima, a história do elefantinho amarrado por uma corda:

Ao nascer, um elefantinho tem seu pé amarrado a uma corda, na qual é presa a uma estaca cravada no chão. O elefantinho cresce e apesar de suas tentativas de se desvencilhar daquela corda, nada acontece, ele entra como chamamos na terapia cognitivo comportamental de desamparo aprendido. Em outras palavras, ele aprendeu que por mais que se tente, a corda vai permanecer ali no seu pé, ele não poderá caminhar e então ele se resigna. E mesmo quando é um elefante adulto, basta amarrar a corda no seu pé para que ele fique imóvel, parado sem nenhuma reação. Isso porque mesmo adulto, ele se condicionou ao que aconteceu na sua infância. E assim, como elefantinhos, vivemos condicionados a velhas crenças e aprisionados a antigos padrões, acreditando não podermos ressignificar, reestruturar, ter um novo olhar e uma explicação para o que aconteceu, que sempre “vai ser assim” porque simplesmente “sempre foi assim”.

Portanto, questione: Quais de suas crenças tem te paralisado, aprisionado ou resignado?

A psicoterapia pode te ajudar a desconstruir estas crenças disfuncionais e melhorar sua qualidade de vida.

Autora
Soraya Rodrigues de Aragão
Psicóloga, Psicotraumatologista, Expert em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde. Autora em 4 livros publicados. Escritora em vários portais, jornais e revistas no Brasil e exterior.

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