Relacionamentos interpessoais trazem sempre um desafio, visto que cada ser humano é multifatorial, apresentando sua subjetividade e sua forma própria de se expressar e de se relacionar com o outro de acordo com seus modelos e padrões de conduta internalizados. Em alguns casos, infelizmente, estas relações podem não ser tão gratificantes e salutares como se espera, se delineando em relacionamentos abusivos, onde a falta do diálogo, empatia e respeito ao outro prevalecem. De maneira geral, passamos a maior parte do tempo no ambiente de trabalho e nesta esfera psicossocial podem se estabelecer relações pautadas na competitividade, onde muitas vezes o outro é percebido como uma ameaça, podendo dar espaço à prática do assédio moral, sendo fonte de estresse negativo e transformando, desta forma o local de trabalho em um ambiente sufocante, desgastante, conflituoso, até desumanizante e sendo propicio para o desenvolvimento de transtornos mentais.
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O assédio moral se caracteriza por uma relação de dominação, sendo configurado por um ambiente hostil e ameaçador à integridade física, psíquica e emocional da pessoa que é alvo do assédio. Nesta dinâmica relacional adversa, podem ocorrer sabotagens, ofensas, menosprezo, humilhações, exclusão desta pessoa das atividades relativas à instituição, isolamento dos colegas de trabalho, desqualificação e/ou menosprezo das atividades que a pessoa exerce, pressão psicológica, manipulação de situações, injúrias, perseguições, comparações, delegação de tarefas impossíveis de serem feitas com um prazo de tempo de execução improvável de serem realizados.
O assédio moral pode levar ao adoecimento mental.
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Muitas vezes o assédio moral é explícito e portanto fácil de ser identificado, para que uma medida cabível seja tomada. Contudo, este assédio também pode ser velado, dissimulado, confundindo a pessoa agredida e desestabilizando sua autoestima, auto-eficácia e comprometendo sua produtividade. Neste cenário de terror psicológico, a pessoa fica propensa a desequilíbrios psicofísicos, emocionais e comportamentais que conseqüentemente irá comprometer sua saúde mental em algum nível. Dentre os transtornos psicológicos mais comuns associados ao assédio moral no ambiente de trabalho, estão a depressão, os transtornos ansiosos, a síndrome de burnout, o estresse negativo e as doenças psicossomáticas, como a gastrite nervosa, alergias, fibromialgia, doenças de pele, dentre outras. O consumo de álcool e outras drogas também estão implicados em um contexto de trabalho gerador de estresse. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão será a maior causa de afastamento de funcionários do ambiente laboral no mundo até 2020.
Existem 4 modalidades de assédio moral: institucional, vertical descendente, horizontal e vertical ascendente. O mais comum é o vertical descendente, praticado pelo chefe contra um trabalhador subalterno em hierarquia.
Autora
Soraya Rodrigues de Aragão
Psicóloga, Psicotraumatologista, Expert em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde. Autora em 4 livros publicados. Escritora em vários portais, jornais e revistas no Brasil e exterior.
Gostaria de um artigo que falasse sobre assédio de colegas que estão na mesma linha hierárquica. Pois tenho sofrido com isso e tenho buscado ajuda, mas as vezes me pego tentando aprovação deles, mesmo sabendo que não preciso… Identifico o que incomoda, mas não posso deixar de ser eu mesma, de ter procurado formação acadêmica, de ter batalhado desde cedo, de ser instruída…e infelizmente ter que lidar com pessoas que se incomodam com a minha essência por mais que já tentei agradar em todos os âmbitos. Como devemos agir?
Bom dia Mary, irei elaborar um artigo com o tema proposta. Seja bem vinda; obrigada.