O Codiv-19 é um vírus altamente contagioso, caracterizando-se como uma pandemia. Recentemente a Organização Mundial de Saúde (OMS), registrou mais de 185 mil casos no mundo e de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o risco de contágio é altíssimo, sendo necessárias medidas de contenção, como o isolamento social, por exemplo. A disseminação da doença não trouxe somente repercussões sociais e econômicas, mas também trouxe impactos na saúde mental das pessoas. Isto porque toda mudança drástica requer um processo adaptativo para que seja manejada da melhor maneira, o que é praticamente inviável neste caso especifico. O pânico por contaminação, o desespero com o desemprego e o pagamento de contas, o luto de entes queridos, o medo de perdas imprevistas, situações de desamparo decorrentes destas perdas e a reclusão social apresentam impactos na saúde psicofísica e emocional das pessoas. Muitos estudos avaliaram várias vertentes, principalmente a social e a econômica no tocante à repercussão do coronavírus. Todas estas questões são importantíssimas, mas como fica a saúde mental da população? Farei uma avaliação dos 3 aspectos mais contundentes:
1- Pânico por contaminação:
O medo do contágio por coronavírus é legítimo, devido ao alto índice de contaminação e mortalidade. Contudo, para algumas pessoas este medo não é protetivo e sim paralisante, tornando a vida inviável por estarem em constante “estado de alerta” e hipervigilantes diante da situação. Quando nos sentimos ameaçados, o nosso organismo nos protege com uma descarga de adrenalina para que nos preparemos para a “luta” ou “fuga”. Este constante estado de alerta pode inclusive desencadear um episódio de crise de pânico. Vale a pena salientar que um episódio isolado não fecha diagnóstico para Transtorno de Pânico, podendo ser algo passageiro e associado a crise em questão. Por outro lado, pode ser um gatilho para uma doença que ainda não era desenvolvida na pessoa.
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2- Luto de entes queridos:
Sabemos que a morte faz parte da vida. Todavia, todo processo de finalização traz uma carga emocional de sofrimento, principalmente no tocante aos vínculos afetivos. Quando a morte é súbita, os mecanismos de enfrentamento e a mobilização dos recursos internos podem ficar mais comprometidos. Por este motivo é imprescindível realizar o trabalho de luto, pois quando este não é elaborado, torna-se um substrato para sintomas que surgem muitas vezes sem saber a procedência. Ignorá-los não os fará desaparecer, muito pelo contrário, pois mais cedo ou mais tarde e por um gatilho especifico, o luto baterá à porta para que iniciemos esta elaboração.
3- Reclusão social:
Antes de tratar deste aspecto, gostaria de salientar que respeitar a quarentena é imprescindível. Precisamos ter consciência e responsabilidade social para não facilitarmos a propagação do vírus; a palavra de ordem é respeito e cuidado com o outro e em nenhum momento tenho a pretensão de desencorajar o isolamento social durante a pandemia. Dito isto, a questão do isolamento social precisa ter os devidos cuidados, visto que se associarmos a tristeza proveniente das perdas de todos os tipos, incluindo a de nossos entes queridos, perda de recursos, falta de contato com a nossa rede de apoio social, como amigos e parentes, estes fatores tornam-se gatilhos para o desenvolvimento de traços depressivos ou de uma Depressão propriamente dita. Na Depressão, ocorre uma falência adaptativa dos fatores endógenos estando sempre associada a fatores genéticos e ambientais. Para contrabalançar o dano desta falta de contato, vale a pena investir em atividades prazerosas para liberação de endorfinas. Acredito que o mecanismo de enfrentamento mais eficaz neste momento é o desenvolvimento da empatia e ajuda ao próximo dentro das possibilidades de cada um.
Autora
Soraya Rodrigues de Aragão
Psicóloga, Psicotraumatologista, Expert em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde. Autora em 4 livros publicados. Escritora em vários portais, jornais e revistas no Brasil e exterior.
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