Mais um ano vai tecendo sua partida e o espírito natalino se faz presente, sendo representado pelo divino e envolto por luzes e decorações. Há um sentimento de urgência entre ornamentação dos lares, compras e encontros com família e amigos.
Apresentar-se bem e “feliz” com uma casa decorada é o desejo de tantas pessoas e isso é maravilhoso. Mas, antes de qualquer proposta, como vai a organização da sua casa interna? Como você tem alimentado sua própria luz, sua lareira interior? Suas “gavetas” porventura estão abarrotadas de quinquilharias, onde estão escondidas coisas aparentemente esquecidas as quais não quer ou que não tem como lidar? Você carrega bagagens dos outros na premissa de que é forte, de que é um guerreiro (a) mesmo que isso custe sua paz e sua qualidade de vida?
Organizar as gavetas antes de acender as luzes de natal, é uma metáfora e para esta proposta, trago alguns pontos de reflexão que acredito ser adequado para este momento especifico:
Você conseguiu decifrar suas próprias incógnitas, revisitou os porões dos seus medos, angústias, dores e pesares?
Aprendeu a caminhar na própria escuridão e já não cai nos mesmos “abismos”?
Em sua “nudez de alma”, quais são suas faltas?
O que você já sabe sobre você mas não quer (re)conhecer mais a fundo, postergando uma mudança, uma organização interna, a evolução do seu ser?
Quando as luzes se apagam, como você lida com seus silêncios, com seus “fantasmas”?
Foto de Kha Ruxury no Pexels
Arrumar gavetas não representa apenas o simbolismo de organização de ideias, metas e projetos de vida, mas daquela bagunça que porventura esteja bem escondida e que foi esquecida. Levando essa proposta para a sua casa interna, quantas quinquilharias estão gritando para serem “jogadas fora” há tanto tempo? Acredito que para todos nós há muito o que olhar, reorganizar, rever prioridades, refazer e aprimorar ou mesmo se desvencilhar por completo do que não há mais sentido. Contudo, para algumas pessoas, infelizmente o foco está na maioria das vezes no externo.
Enquanto isso, seu coração está em paz com as escolhas que fez e mantém na sua vida? Talvez tenha chegado a hora da grande faxina, de bater o pó de terras há muito tempo desbravadas mas que por mais que se plante nem abrolhos nasce; de tirar o mofo das antigas roupagens, pois o que coube perfeitamente em você no passado, talvez hoje apresente uma nova proposta e insista em uma nova organização através de novos significados para que você possa viver atualizado no que realmente importa.
Quando acendemos as luzes de natal antes de organizarmos as gavetas, podemos ter a ilusão de que tudo está em ordem, num ar de festividade aliado ao amordaçamento do que foi aparentemente esquecido. Talvez você precise abrir mão de muitas coisas, deixar ir, enquanto de outras precise consertar.
E você, já organizou sua casa interna, já considerou em observar suas gavetas, principalmente aquelas ultimas, as mais esquecidas? Talvez você se surpreenda com o que encontre lá e que possivelmente alimentava situações da sua vida e que você sequer se deu conta.
O importante é ter o discernimento do que vai e do que fica, do que merece investimento e do que precisa de uma despedida com um bilhete só de ida. Assim, a vida se torna mais leve sem o desgosto dos entulhos, sem a insatisfação das coisas quebradas e sem o miasma daquilo que já passou do prazo de validade há muito tempo. Esse é um momento de purificação, de abrir mão caso seja necessário, de investir no que é frutífero, de reorganizar prioridades, de tirar a poeira e de limpar o mofo dos entraves danosos.
Desejo a todos vocês um Feliz Natal e um próspero Ano Novo com muita paz, plenitude e organização de vida.
Autora
Soraya Rodrigues de Aragão
Psicóloga, Psicotraumatologista, Expert em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde. Autora em 4 livros publicados. Escritora em vários portais, jornais e revistas no Brasil e exterior.
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