Quando nos apaixonamos, tudo parece mágico. Quando vemos a pessoa amada, o coração bate mais forte, as borboletas se multiplicam no estomago, sentimo-nos ao mesmo tempo frágeis e fortes, capazes de tudo para conquistarmos a pessoa amada; O mundo é nosso e o universo cabe na palma dos nossos sentimentos. No inicio, quase sempre tudo são flores e sendo assim, é esperado que no estágio inicial de um relacionamento, tenhamos a tendencia em idealizar a pessoa amada e de não perceber os seus defeitos.

Aqui cito alguns exemplos que podem configurar uma possível percepção distorcida, muito comum quando estamos apaixonados:
“Ele não é ciumento, é louco por mim”.

“Ela não é controladora, apenas não quer me perder”.

“Ele não tenta me isolar socialmente, quer apenas mais tempo de privacidade comigo”.

“Ela não cultiva o diálogo, porque afinal de contas, o amor fala mais alto e não só com palavras podemos dizer ao outro o quanto o amamos”.

“Ele não é agressivo, apenas teve um dia pouco favorável; depois tudo muda, ele volta “ao normal”, me manda flores e me faz um convite para um jantar romântico”.

“Ela faz aquela confusão porque você se atrasou, mas logo pede perdão, diz que te ama e que estava na TPM, te prometendo de “pé-junto” que a cena não vai se repetir.”

Relacionamentos interpessoais são complexos e um aprendizado constante. Muitas das características citadas acima podem fazer parte de qualquer convívio. Para a saúde de um relacionamento acontecer, as partes envolvidas devem assumir a responsabilidade por suas atitudes, sempre revisitando as possíveis causas dos desajustes e refletindo quanto a melhor maneira de manter o equilíbrio e aprender com os erros. Uma relação é um “contrato” feito por duas ou mais pessoas, onde a atitude de cada um não deve ultrapassar os limites do bom senso e do equilíbrio, é o dar e o receber afeto e companheirismo, pois do contrário o prognóstico relacional não é bom, e as chances das estruturas ruírem e das pessoas se machucarem são factíveis.

Sendo assim, esteja atento a estes sinais a seguir. Eles objetivam dar uma luz para você verificar se está (ou não) em um relacionamento tóxico:

1- Te hostiliza e/ou humilha:
Ele(a) deprecia o que você faz, não reconhece seus esforços e tenta te colocar em uma situação de inferioridade em relação a ele(a). Isto porque a pessoa que abusa normalmente teve uma historia de abuso e maus-tratos, tendendo a reproduzir o mesmo em seus relacionamentos.

2- Extremamente ciumento, controlador e possessivo;
Tudo que é extremo não é normal, não se tratando de comportamento protetivo e sim possessivo. O tipo ciumento excessivo vai procurar bilhetinhos, vasculhar o celular para verificar alguma mensagem inapropriada, seguir a pessoa, etc. Estes são sinais de que seu relacionamento está doente, pois a base de qualquer convívio é a confiança. Se você não confia no seu parceiro, tem algo de errado; vale a pena trabalhar este aspecto.

3- Utiliza-se de ameaças quando você subentende ou diz claramente que vai terminar o relacionamento:
Pessoas controladoras e manipuladoras indubitavelmente são imaturas, egoistas e de baixa autoestima. Toda relação manipuladora pode ser preditiva de prejuízos maiores, portanto fique atento(a) quando ele(a) não respeitar sua decisao em por um ponto final na relação. Birras, chantagens emocionais, agressoes psicológicas, morais e até fisicas infelizmente podem fazer parte do repertório do abusador(a).

4- Utiliza-se de chantagem emocional ou intimidações mesquinhas para conseguir o seu intento:
Pessoas com perfil abusador em um primeiro momento geralmente são generosas, apresentando disponibilidade até mesmo para resolver seus problemas. No entanto, isto pode não passar de estratégia para mascarar as possíveis reais intenções: conhecer suas fragilidades. Estas vulnerabilidades poderão ser utilizadas contra você no momento certo. Portanto não confie nas pessoas em um primeiro momento. Lembre-se do antigo ditado popular: “para conhecer uma pessoa temos que, pelo menos, comer 1kg de sal com elas”.

5- Tenta te convencer que você está ficando louco(a) para ter razão:
Mesmo que não tenham razão, pessoas com perfil abusivo irão tentar provar de todos os modos que ele(a) está com a razão, nem que para isso ele diga que o parceiro perdeu a capacidade racional. Além disto se faz de vitima, fazendo o outro sentir-se culpado diante das situações que geraram o conflito.

6- Te afasta de amigos e familiares, reduzindo e empobrecendo seu universo relacional e sua vida social:
Muito importante trabalhar a autoeficàcia e independência, emocional e principalmente financeira. Nunca dependa do outro para tudo. Em relacionamentos abusivos, a redução da vida social tem o propósito de aumentar o controle e a manipulação contra você.

7- Não tem o hábito de cultivar o diálogo, e diante deste se “altera” com facilidade:
Quando um dos parceiros procura o outro para discutir a relação pode ser o estopim para uma briga. Isto deriva do fato de que uma pessoa com perfil abusador não vai querer de forma alguma que suas falhas ou defeitos sejam apontados. Eles sempre procuram reverter a situação a favor deles, mas quando o aspecto “negativo” se torna plausível, eles “perdem a cabeça”. Sendo assim, evitam discutir a relação, pois isto ameaçaria tirà-los do comando ou controle da situação.

8- Apresenta arrependimentos transitórios, prometendo mudanças comportamentais que dificilmente se cumprem:
Mudança de hábitos é algo que não acontece repentinamente, sendo necessário trabalho e envolvimento da pessoa para a modelagem de novos comportamentos.

Importante:
Não existe relacionamento sem conflitos, já que as pessoas são diferentes. Além disto, nas dinamicas relacionais, entram em jogo muitas questões, como uma dose de ciúme que nos faz sentir amados, aquela preocupação e atitudes protetivas que traduzem acolhimento.

As “discussões”, quando acontecem devem sempre objetivar um ponto de encontro para o diálogo e o crescimento do casal.

Mas, quando o respeito deixa de existir é hora de repensar a relação, pois este é o campo fértil não somente para a violência fisica, tao combatida no nosso meio social onde a maior parte das vitimas são inquestionalmente as mulheres, mas existe também outros tipos de violência, tais como a psicológica, a patrimonial, o preconceito de gênero, a violência moral e a sexual. A terapia de casal é muito indicada, mas caso perceba que a relação chegou ao limite, medidas institucionais devem ser tomadas.

Abraços,

Soraya Rodrigues de Aragao

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Autora
Soraya Rodrigues de Aragão
Psicóloga, Psicotraumatologista, Expert em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde. Autora em 4 livros publicados. Escritora em vários portais, jornais e revistas no Brasil e exterior.

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