Muitas pessoas acreditam que a Depressão é um transtorno da modernidade. No entanto, é um dos distúrbios mais antigos que se tem conhecimento. No processo depressivo, existe uma falência adaptativa dos fatores endógenos, bem como dos mecanismos de enfrentamento ambientais. Sendo assim, poderíamos falar em depressões, posto que não existe um único tipo de Depressão. Vale à pena salientar que nem todas as depressões são iguais, embora apresentem muitos pontos em comum.

Este artigo objetiva elucidar as pessoas sobre os principais tipos de Depressão e suas principais características, para no caso de identificação com os tipos e sintomas, estas procurem ajuda médica e psicoterapêutica, objetivando iniciar um tratamento e melhorar sua qualidade de vida.

1- Distimia:

é um tipo de Depressão que apresenta sintomas persistentes, tendendo, portanto à cronificaçao. Indivíduos distimicos geralmente apresentam mal humor e irritabilidade, sendo classificados como ranzinzas e de “pavio curto”; tendem ao isolamento social. Por ser uma Depressão mais branda, o indivíduo ainda consegue exercer suas atividades cotidianas mesmo que com algum custo, requerendo mais esforço e tempo gasto para a execução que o esperado para aquela atividade.

Para aprofundar sobre a Distimia, leia: Distimia pode ser confundida com preguiça

2- Depressão Maior ou Transtorno Depressivo Maior (TDM):

é o tipo de Depressão mais grave que existe. É a chamada Depressão clássica. Na Depressão Maior, os sintomas são mais caricaturados e exacerbados. e por conta disto o indivíduo tem conseqüências dramáticas em sua vida ocupacional e relacional, visto que neste caso especifico, este sofre de tristeza profunda e Anedonia, ou seja, atividades que antes o indivíduo exercia com prazer não fazem mais nenhum sentido, havendo perda do “gosto de viver” e sentimento de grande vazio. Por sentir uma tristeza profunda, muitas vezes não consegue sequer realizar as atividades básicas do dia-a-dia, tais como o cuidado com sua higiene pessoal, por exemplo. Devido à sua gravidade, na TDM é necessário a realização de tratamento farmacológico e psicoterapêutico, visto que na Depressão Maior existe um desequilíbrio grave nos sistemas bioquímicos do cérebro, apresentando, portanto, um comprometimento significativo.

3- Depressão Atípica:

é o tipo de Depressão mais comum que existe, sendo difícil de ser diagnosticada, pois é confundida com outras condições clinicas ou situações estressantes e ansiosas do cotidiano. Você pode ter Depressão Atípica e não ser consciente disto. Deste modo, pode encontrar-se mascarada e tendo como causa doenças e outros distúrbios, tais como problemas metabólicos, hormonais e esgotamento nervoso. Há predominância de alcoolismo e no abuso de drogas no intuito de medicalizar a própria angústia. É um subtipo da Depressão Maior, compartilhando sintomas semelhantes, mas diferentemente da TDM, existe uma melhora significativa no humor quando o indivíduo se depara com notícias, situações promissoras ou mudanças positivas inesperadas. Dentre os seus sintomas, os mais comuns e que podem ser apresentados são: reatividade de humor, (reação exagerada seja para eventos tristes como para eventos alegres; tudo é percebido e vivenciado com exagero), pensamentos negativos, ansiedade, dificuldade de concentraçao, aumento de peso, sensaçao de pesar e alteraçao psicomotora acompanhada de dores nos membros superiores e inferiores, dificultando às vezes a locomoçao, hipersonia (aumento do sono), sentimento de letargia, além de hipersensibilidade ao julgamento de outros quanto ao seu comportamento.

4-Depressão Sazonal, Depressão de inverno ou Transtorno Afetivo Sazonal:

Mudanças nas estações do ano refletem no estado de humor das pessoas, sendo recorrente a Depressão Sazonal durante o outono e o inverno. Isto acontece porque com a menor incidência dos raios solares, existe uma diminuição da vitamina D e serotonina no organismo, bem como o aumento da melatonina. A melatonina tem papel importante no ciclo circadiano, sendo responsável pela regulação do sono. Por conta disto, as pessoas mais vulneráveis tendem a ter aumento ou diminuição do sono, tornam-se apáticas, desanimadas, lentas e irritadiças. Na Depressão de inverno, o índice de suicídio é alto em regiões onde há pouca iluminação.

5- Depressão Psicótica:

Também denominada Episódio Depressivo Psicótico, este tipo de Depressão é caracterizado por alucinações, delírios e catatonia. A catatonia é um transtorno psicomotor que é tipificado por causas neuropsicológicas, apresentando em seu cerne desequilíbrios motores, emotivos e comportamentais. Caracteriza-se substancialmente por um estado de apatia e especificamente no estado catatônico, o indivíduo permanece imóvel, numa posição fixa por um determinado período de tempo. Podemos observar e como o próprio nome sugere, existe um entrelaçamento entre psicose e depressão.

6- Depressão Reativa:

O sofrimento gerado por perdas, traumas e lutos mal elaborados através de vivências de separação, negligencia e desamparo, podem ocasiar a Depressão Reativa. Por outro lado, é inerente ao ser humano pertencer a este mundo de transitoriedade, bem como às suas “leis” de impermanência, muitas vezes saboreando o gosto amargo da finitude daquilo que gostaríamos que permanecesse. Sendo assim, muitas vezes por não estarmos preparados para frustrações, perdas e prejuízos que podem acontecer (e acontecem!) na vida de qualquer pessoa, pode ocorrer a falência dos recursos internos de resiliência do indivíduo. Sendo assim, os sintomas depressivos podem fazer parte de um quadro de luto e perdas advindas de situações mal elaboradas. É imprescindível deixar claro que sentir tristeza diante de perdas é saudável, visto que o indivíduo necessita de uma pausa para ressignificar as suas vivências, digeri-las e isto requer um certo distanciamento do mundo externo para uma reorganização interna. No entanto, a Depressão Reativa não é somente uma tristeza, mas sim a experiencia de tristeza que não foi elaborada devidamente, assumindo portanto, características psicopatológicas.

7- Depressão Bipolar:

A Depressão Bipolar é um tipo de Depressão que faz parte do quadro clinico do Transtorno Bipolar. O Transtorno Bipolar tem a fase de mania e a fase depressiva, sendo esta última a Depressão Bipolar. Neste transtorno, o risco de suicídio é altíssimo, visto que é entre a oscilação do pico da fase de mania e da fase de depressão que ocorre a ideação e/ ou ação suicida, pois existe uma “quebra” ou passagem da fase mania (euforia) caracterizado pelo excesso de energia e motivação, para uma fase de baixa de energia, apatia e pessimismo em um curto período de tempo. Esta gangorra brusca é o pior momento de risco. É importante não confundir a Depressão Maior, que é unipolar com a Depressão Bipolar. Muitos pacientes são diagnosticados como depressivos unipolares, sendo que sofrem de Depressão Bipolar, levando a um tratamento equivocado e conseqüentemente a não melhora ou mesmo a piora do quadro clinico do paciente.

8- Depressão pós-parto ou puerperal:

Uma a cada quatro mulheres sofre deste tipo de depressão. Diferente do Blues Puerperal, que é um estado de tristeza passageiro, a Depressão Pós-parto pode se estender de 6 meses a 1 ano, causando conseqüências desagradáveis, visto que se trata de um transtorno sério, podendo comprometer a vida da mãe e do bebe. Os principais sintomas são tristeza, embotamento afetivo, sentimento de culpa e inutilidade por não sentir-se capaz de cuidar do próprio filho, anedonia (atividades que antes o indivíduo exercia com prazer não fazem mais nenhum sentido, havendo perda do “gosto de viver”) e sentimento de grande vazio, desesperança, desinteresse sexual, fadiga intensa e sono excessivo (hipersonia).
Um dos fatores responsáveis pela sintomatologia explicitada acima, são as mudanças hormonais bruscas e o estresse desencadeado pela mudança na rotina da mulher. Por este motivo, é muito importante que durante o período gestacional, a mulher se prepare para o período de mudança que está por vir, com todas as implicações e abdicações que a chegada de um bebe proporciona através da psicoeducaçao. A mulher com Depressão Pós-parto necessita de uma rede de apoio social, principalmente da compreensão e apoio da família e amigos neste processo difícil, sendo imprescindível o amparo social.

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Autora
Soraya Rodrigues de Aragão
Psicóloga, Psicotraumatologista, Expert em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde. Autora em 4 livros publicados. Escritora em vários portais, jornais e revistas no Brasil e exterior.

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