A falta de perdão e o desamor tem alto poder de destruição não somente no campo da saúde psicofísica e mental, mas também em nossas relações interpessoais, bem como em todas as áreas da nossa vida.

Quando depositamos a nossa confiança em pessoas que nos decepcionam, que nos ferem ou nos lesam, esta confiança poderá ser difícil de ser recuperada, dependendo de fatores vários, tais como a magnitude, gravidade e duração do ocorrido, bem como das conseqüências avassaladoras que causaram feridas no campo emocional e que precisam ser curadas. No entanto, o exercício do perdão é imprescindível, embora não seja nada fácil exercitá-lo quando somos magoados.

Contudo, isto vai além de uma questão moral, não menos importante para nossas relações sociais, mas também pela repercussão significativa em nossa saúde mental e emocional. Em outras palavras, quando não perdoamos quem nos magoou, feriu ou nos prejudicou, estaremos experimentando e vivenciando o gosto amargo da mágoa e experimentando as amarras do ressentimento que nos adoecem e nos travam a própria vida. Sendo assim, gostaria de reiterar que o exercício do perdão não é somente uma questão espiritual, ética e moral, mas também de saúde mental e emocional para todos os envolvidos.

Não somente precisamos, mas sobretudo temos o dever de praticar o exercício do perdão para nosso processo de auto libertação, não esperando que os outros se arrependam ou se redimam dos seus passos impensados para que haja liberação das amarras que nos prendem às amarguras ocasionadas por desentendimentos e constrangimentos em nossas relações interpessoais. A nossa qualidade de vida e a resolução de uma vida de paz não deve depender da postura e da decisão de ninguém, visto que nem todos possuem maturidade, capacidade de compreensão ou mesmo conscientização de seus atos incalculados. Enquanto isto, consentiremos o adoecendo do nosso corpo e da nossa “alma”? Até que ponto autorizaremos que os outros comandem a nossa vida e a nossa saúde?

Muitas vezes perdoar não é um processo fácil, mas este necessita ser elaborado sobretudo como processo de auto libertação. Além disto, não temos o direito de julgar ninguém, visto que todos estamos em processo evolutivo oferecendo os recursos disponíveis naquele momento especifico.

Não estou defendendo erros, estou defendendo o valor moral do perdão. Quem agride, desrespeita ou lesa o próximo necessita de correção necessária para que haja a possibilidade de não se reiterar no erro; mas repreensão não significa vingança e sim a possibilidade de se refletir no que estamos plantando em nossa vida. O fato de existir justiça, não significa a falta de perdão, mas na possibilidade de auto percepção e conscientização do nosso proceder diante do próximo, da sociedade, de nós mesmos e da vida.

Afinal de contas, quem de nós é perfeito?

Autora
Soraya Rodrigues de Aragão
Psicóloga, Psicotraumatologista, Expert em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde. Autora em 4 livros publicados. Escritora em vários portais, jornais e revistas no Brasil e exterior.

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