O corpo apresenta seu discurso através dos sintomas. Estes falam muito de nós e através de nós. A compreensão da sintomatologia associada a compreensão das nossas emoções é a chave mestra para o portal do autoconhecimento, pois sintomas e estados emocionais estão intrincados em um mosaico.

Existe uma linguagem corporal conflituosa que nos diz respeito através da sintomatologia apresentada e esta deve ser avaliada, compreendida e ressignificada. Isto porque conteúdos subjacentes “se encondem” nestes sintomas e que uma vez cronificados podem desenvolver quadros ansiosos e depressivos, bem como outros distúrbios psiquiátricos e doenças físicas. Sendo assim, a questão principal não é retirar o sintoma e sim deixar que este flua, para que seja trabalhado.

Infelizmente as pessoas não apresentam uma cultura preventiva. O que acontece é que elas procuram se autoconhecer diante de um estado de sofrimento significativo, seja por seus sintomas, seja em busca de respostas existenciais. Esta resistência advém do fato de que, embora se autoconhecer seja gratificante, é também um trabalho longo e doloroso, pois nem sempre estamos dispostos ou prontos a encarar nossas sombras, romper paradigmas, desconstruir autoconceitos, mudar hábitos e rever condutas.

Precisamos retirar as nossas mascaras configuradas pelos condicionamentos internalizados e visitarmos o nosso templo de Delfos, olhando no espelho da nossa própria consciência para trabalharmos nossos comportamentos disfuncionais.

É necessário conhecer o que há de melhor em nós, os nossos recursos, as nossas motivações, para desenvolvermos nossa autoestima. Da mesma forma, é necessário conhecer o que há de pior em nós, para que seja desconstruído e transformado.

Discutir nossos pensamentos, idéias e crenças é o primeiro passo para iniciarmos nosso processo de mudança interior. Mas de pouco ou nada adianta conhecer e não aceitar o conteúdo como seu; de pouco adianta se não nos propusermos ao trabalho mais profundo: encarar e compreender o porque dos nossos sentimentos e emoções.

Sofremos porque não nos conhecemos, porque não somos conscientes de como funcionamos. O sofrimento existencial é produto da ignorância, sendo nós mesmos os geradores destes mesmos sofrimentos que tanto desejamos nos desvencilhar e que nos seria poupado, caso nos conhecêssemos.

Sendo assim, não existe a possibilidade de fugirmos de nós mesmos, já que a verdadeira liberdade advém da própria conquista consciente do “eu”.

A partir desta conquista, a maior de todas que podemos fazer, não buscaremos nos satisfazer nos prazeres e ilusões externas, nem tampouco precisaremos da incessante aprovação dos outros, visto que estaremos satisfeitos e preenchidos conosco. No entanto, para que este processo se inicie, é necessário coragem para sairmos da nossa zona de conforto, o que gera certo sofrimento e readaptação, ou seja, dispêndio de energia para encarar estados emocionais negativos; paciência e perseverança no processo de mudança de paradigmas e hábitos, mas que indubitavelmente valerão a pena.

Reflexão transmutativa:

O descontrole emocional é normalmente acompanhado por arrependimentos que muitas vezes são irremediáveis. Impossível voltar atrás no tempo do que foi dito ou feito. Ações impensadas e precipitadas podem desgastar ou mesmo arruinar nosso campo relacional, bem como a vida pessoal, afetiva, profissional e social. A tranquilidade, o discernimento, a tolerância e a paz de espirito são atributos que podem ser desenvolvidos através do autoconhecimento. Basta se propor a dar o primeiro passo para desenvolver competências individuais e relacionais. O resultado disto será uma vida mais gratificante e feliz.

Abraços transmutadores,

Soraya Rodrigues de Aragão

Nota:Este texto é parte integrante do livro Fechamento de ciclo e renascimento

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