Você precisa se dar conta de que não é prisioneiro(a) condenado(a) às vivências do passado pois a qualquer momento poderá se decidir em ressignificar suas angústias e dores emocionais, não teimando com tanta insistência naquilo que não vingou e que por mais que se tente, somente te prova que quem não está contigo, já não queria mais caminhar ao seu lado ou fazer parte da sua vida. E isso vale para qualquer coisa. Algumas pessoas convencem a si mesmas que o que viveram não pode ser superado, onde continuam tecendo bordados de esperança na surdina dos devaneios ilusórios, enquanto acontecimentos vão se engendrando sem que tenham sido uma escolha delas, algo totalmente distinto, alheio e alienado. Será? Não, não se vitimize, pois você tem poder de escolha e muitas vezes é imprescindível posicionar-se no que é melhor para você, mesmo que no início te cause sofrimento ou pesar. Você precisa se dar conta de que necessita se desvincular de alguns afetos, pois em alguns casos, não adianta barganhar com a vida para que algo sobreviva, para somente usufruir de uma meia-vida, de uma sombra fugidia e inalcançável do que era vivo e que um dia foi seu, real e inteiro, pois a vida, em toda sua intensidade, não vive de metades. Por que você viveria?

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Muitas vezes é imprescindível decidir, por amor a você, que não fará mais concessões com o que ou quem não ressoa entre suas necessidades e a realidade que se apresenta na sua vida. Pare e contemple tudo o que a vida te ofereceu e oferece de supremo e das potencialidades que agora brotam dentro do seu âmago e daquilo que você pode ser no seu melhor. Não peça mais a você, nem a nenhuma circunstância da vida uma única falsa gota de esperança. Não peça um tempo a mais, uma chance a mais, um consolo a mais. Agora será você quem determinará as regras da sua vida e do seu bem viver sem pretensão ou arrogância, mas com autorresponsabilidade. Agora será você quem não aceitará mais pechinchar por pequenas coisas, de mover céus e terra por situações e pessoas que não te merecem, de tentar se adequar a lacunas para caber na vida de alguém, em estar nos espaços lacônicos das situações da vida. Tampouco se permitirá ser agraciado(a) pela pérfida pobreza do autoengano em que porventura insiste em interpretar como destempero, indecisão, orgulho ou impaciência. Seja honesto consigo.


O autoengano pode ter te destituido de vocè, mas quando não mais hesitar na permanencia em situações pendentes, quando decidir se reencontrar e despertar para a realidade dos fatos, vocè entenderà a célebre frase de Sartre: ” Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você”. Então, vocè resolverà abrir mão e deixar escorrer por entre seus dedos o que um dia fazia parte da sua existência, para nao se esconder nunca mais por detràs das trevas das ilusões criadas por vocè ou por quem quer que seja.


Não seja mais complacente com seus enganos, conecte-se com sua voz interior, contemplando o horizonte das verdades enraizadas em seu coração, em que estas raízes rasgaram impetuosas ferindo o seu íntimo para (re)nascer um novo ser cicatrizado. Agora, renascido(a), se perceba de maneira diferente e veja que na realidade nunca precisou e hoje tampouco precisa ocupar espaços ou preencher lacunas, mas sim habitar em corações que genuinamente apreciem não somente a sua companhia, mas sobretudo a sua existência.

Autora
Soraya Rodrigues de Aragão
Psicóloga, Psicotraumatologista, Expert em Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde. Autora em 4 livros publicados. Escritora em vários portais, jornais e revistas no Brasil e exterior.

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